sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Currículo Integrado...

A fragmentação dos processos de produção surgiu a partir de uma filosofia organizativa, aumentando a separação entre trabalho manual e trabalho intelectual. Com isso era possível justificar o barateamento da mão-de-obra dos trabalhadores, bem como desapropriá-los do conhecimento adquirido no decorrer do tempo. Sendo assim, essas medidas desfavoreciam a classe trabalhadora, a qual perdia sua capacidade de decidir, questionar e reivindicar melhores condições de trabalho. Diante disso, a falta de reflexão crítica sobre a realidade não afetou somente a classe trabalhadora, mas se sobrepôs às instituições educacionais, as quais, em outrora, tinham a nobre intenção de preparar cidadãos e cidadãs para compreender, julgar e intervir em sua comunidade. Com isso surgiu uma cultura escolar compartimentada, com conhecimentos desconectados da realidade. Criaram-se “barreiras” entre os diferentes conhecimentos, afinal, é mais difícil compreender a totalidade quando nos são apresentadas, em um primeiro momento, as partes do todo. Esses obstáculos acabaram por interferir não só na compreensão da realidade, mas também no papel da escola como agente transformador. Fazendo uma analogia da escola ao modelo Taylorista e Fordista, as notas eram equivalentes aos salários pagos aos operários e operárias. Ou seja, toda a trajetória escolar e o processo de aprendizagem ficavam em segundo plano. Não tinham a menor importância, visto que o sucesso e a qualificação eram “medidos” a partir das notas alcançadas.
- Este processo de "despersonalização” e de preparação da juventude para assumir as regras do “jogo”, desse modelo fragmentado de sociedade, está defasado se levarmos em conta a complexidade e incerteza, peculiares da sociedade atual. Atualmente, a dinâmica econômica e social foi alterada pelo processo de globalização, o que acabou por modificando drasticamente os processos de produção e comercialização. Diante disso, a única maneira viável de atender as demandas decorrentes dessas mudanças surge através da descentralização. Envolver os trabalhadores na tomada de decisões quanto à produção e fornecer-lhes formação nunca fora tão importante quanto hoje. As mudanças que ocorreram e ocorrem na economia globalizada dependem de respostas rápidas por parte não somente dos meios de produção, mas também por parte do meio educacional. Segundo SANTOMÉ (1998, p. 187), “[...] a utilidade social do currículo está em permitir aos alunos e alunas compreender a sociedade em que vivem, favorecendo, para tal, o desenvolvimento de aptidões, tanto técnicas como sociais, que os ajudem em sua localização na comunidade de forma autônoma, crítica e solidária [...]”. Portanto, surge a necessidade de dar voz a um currículo integrado, que leve em conta a interdisciplinaridade reivindicada anteriormente. Nunca fora tão urgente a aposta em uma educação comprometida com valores de democracia, solidariedade e crítica.
Vivi

Nenhum comentário:

Postar um comentário