
* Nosso ofício carrega uma longa memória...
“Prefiro pensar que o aprendizado vem dos primeiros contatos e vivências dos mestres que por longos anos tivemos, desde o maternal. As lembranças dos mestres que tivemos podem ter sido nosso primeiro aprendizado como professores. Suas imagens nos acompanham como as primeiras aprendizagens. (...) Repetimos traços de nossos mestres que, por sua vez, já repetiam traços de outros mestres. Esta especificidade do processo de nossa socialização profissional nos leva a pensar em algumas marcas que carregamos. São marcas permanentes e novas, ou marcas permanentes que se renovam, que se repetem, se atualizam ou superam”. (Miguel Arroyo, Ofício de Mestre, 2002, p. 124)
a. Imagine que você é a professora da nova escola do menininho. Quais seriam seus desafios frente a essa criança?
Certamente trabalhar com esse aluno seria um desafio, afinal alguns aspectos deveriam ser retomados como: auto-estima, espontaneidade, criatividade e não menos importante, a autonomia. Ao me referir a auto-estima, quero dizer que acreditar em si mesmo é muito importante, pois ninguém se sente desafiado sem se sentir capaz. A criatividade e a espontaneidade andam juntas, pois quando há liberdade de expressão, existe espaço para as ideias.
Segundo ARROYO (2002, p. 124), “[...] as lembranças dos mestres que tivemos podem ter sido nosso primeiro aprendizado como professores. Suas imagens nos acompanham [...]”. De fato suas imagens nos acompanham. Um exemplo disso foi minha primeira professora, de quem tenho péssimas lembranças. Iniciei a 1ª série do Ensino Fundamental em um colégio de freiras, no ano de 1982. Eu tinha 5 anos de idade, era uma criança muito espontânea. Adorava desenhar como o menininho da estória, gostava muito de falar, morria de vontade de aprender a ler. Certo dia, minha professora pediu que eu fosse até o quadro resolver um cálculo e me recusei a ir, não lembro mais o motivo. O fato é que ela foi até minha classe, me arrastou até uma parte da sala e depois me jogou entre as classes, me obrigando a ir até o quadro. Lembro que chorei muito, pois todos os colegas começaram a rir da minha cara. Fui humilhada diante dos colegas. Desde aquele dia, sempre tive medo de perguntar, questionar, já que o medo de ser humilhada vinha a minha mente. Hoje sinto que mudei muito, graças aos outros professores que passaram pela minha vida. No entanto, de vez em quando ainda bate aquela insegurança. Por esse motivo, percebo a importância de uma professora nos primeiros anos de escola de uma criança.
b. Quais atividades você, enquanto professor/a, desenvolve com seus alunos de modo a possibilitar que estes cresçam com autonomia e desenvolvam sua criatividade?
Tive uma turma de 5ª série do Ensino Fundamental, com a qual trabalhei a disciplina de Ciências. No entanto, percebi que em certas propostas de atividades os alunos queriam copiar respostas do livro. Relutei em dizer que eles mesmos tinham condições de elaborar suas respostas a partir das nossas conversas em aula. Sempre pedia que elaborassem respostas com suas palavras, colocando no papel tudo aquilo que haviam entendido sobre o assunto. No início foi muito difícil, pois muitos queriam procurar no livro as respostas para as questões propostas em aula. Estavam acostumados a fazerem cópia.
Em geral, minhas propostas sempre partem de um desafio, ou seja, sempre tento me colocar no lugar do aluno, tentando elaborar algo que seja legal e desafiador ao mesmo tempo. Quando isso acontece, vejo os olhinhos brilharem, além da ansiedade de todos em combinarem o que fazer, a troca de ideias, enfim, me sinto satisfeita quando vejo tudo isso acontecendo, além dos resultados dos trabalhos.
c. Que marcas da sua prática pedagógica você gostaria de deixar nos seus alunos?
Gostaria de deixar em meus alunos a marca da curiosidade, criatividade, autonomia e do gosto pela vida. Tudo isso faz com que possamos exercitar nossa capacidade ilimitada de criar, tentando fazer sempre o melhor, dando tudo de nós. Não importa o quanto ainda não sabemos e se erramos ao longo do caminho, o importante é observar o caminho e todos os passos que foram dados. Embora tenhamos capacidade, também somos falíveis e estamos em constante processo de aprendizagem. É preciso que eu faça meu aluno compreender que precisamos começar a caminhada de forma humilde, com muito respeito a todos, somente assim será possível construir o futuro. *
Nenhum comentário:
Postar um comentário