terça-feira, 1 de dezembro de 2009

AVALIAR

Avaliar é um processo um tanto delicado e subjetivo para nós, professores. E, portanto, um assunto que não se esgota quando mencionado dentro do âmbito escolar. Sendo assim, muitas de nossas escolas têm uma posição reducionista da avaliação escolar, privilegiando o aspecto classificatório, ou seja, direcionada apenas para o julgamento e classificação do aluno, utilizando para isso dados quantitativos. Além disso, esse tipo de avaliação classificatória tem por base uma visão unilateral. Somente o aluno é avaliado, sem promover uma reflexão sobre a prática do professor, colocando por terra uma postura ética do educador.
Por todos esses motivos, o processo de avaliação precisa ser remodelado, considerando o caráter mediador. Afinal, deve possibilitar tanto ao professor quanto ao aluno, que detectem suas falhas, desvios, dificuldades, afim de redirecionarem  novas estratégias e procedimentos adequados ao longo do processo de aprendizagem. 



O ato de avaliar pressupõe uma atenção às diferenças em termos de características individuais e necessidades. O que denota, de nossa parte, um grande esforço em tentar avaliar a aprendizagem de nossos alunos da melhor forma possível. Ao me referir ao grande esforço, destaco o quanto é difícil mobilizar esforços para uma avaliação inclusiva em ambientes tão tradicionais quanto a maioria das nossas escolas. Necessitamos preencher cadernos de chamada com conceitos e notas, nos forçando a atribuir um valor quantitativo a cada um de nossos alunos, utilizando para isso a avaliação classificatória. Meus critérios de avaliação contemplam o uso de trabalhos em grupo, individuais, relatórios descritivos (sobre experimentos realizados em sala de aula), estudos complementares, participação em aula, avaliação de atividades propostas (por parte dos alunos) e auto-avaliação. No entanto, devo confessar que necessito realizar uma prova a cada trimestre, pois são normas da escola. Minha avaliação final (nota, conceito final), leva em conta todas as situações de aprendizagem descritas acima. Para isso, tenho uma planilha individual na qual faço anotações sobre as propostas de aprendizagem, bem como as sugestões dos alunos para melhorar minhas atividades. O difícil é transformar todos os resultados em números, pois cada aluno possui um ponto de vista diferente do outro, o que não necessariamente implica em um equívoco. Mesmo assim, tento valorizar o que cada um conseguiu captar em relação a proposta de trabalho. Portanto, sempre saliento aos meus alunos sobre a importância de todos os momentos em que estamos em sala de aula.
Contudo, apesar das dificuldades burocráticas impostas por um modelo de escola tradicional, minha prática pedagógica deveria contemplar mais os momentos de ação-reflexão tanto em relação à prática do aluno em sala de aula, quanto às atividades propostas por mim. 

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Fiquei sem internet no final de semana...

Fiquei sem fazer postagens na semana passada. Acontece que sempre atualizo meu portfólio nos finais de semana. Adivinhem o que aconteceu? Nossa internet, aqui em casa, resolveu entrar em greve no sábado e no domingo. Resultado, não fiz nenhuma contribuição.


Tudo bem, mas nesta semana terei algumas aprendizagens para compartilhar!

Vivi

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Temas Geradores...

Alfabetizar não pode ser encarado de forma simplista, supondo que significa apenas um ato de ensinar a ler e escrever. Alfabetizar é mais do que isso, é buscar a tradução do mundo que está a nossa volta como diria (FREIRE), “[...] o objetivo da escola é ensinar o aluno a ler o mundo para poder transformá-lo [...]”. Para Freire era necessário fazer com que parcelas da população, menos favorecidas, compreendessem porque estavam sendo oprimidas e entendesse que elas tinham o direito de se libertarem. Por outro lado, existia o que Freire chamava de “educação bancária”, onde escolas burguesas encaravam o educando como mero receptor, negando a ele o estímulo a sua curiosidade, ao seu espírito investigador e a sua criatividade. Afinal, era mais fácil dominar aquele que não é estimulado a refletir, ou seja, o aluno acomodado aceita a realidade imposta tal qual algo estabelecido e impassível de mudanças. Era necessário, sobretudo, provocar uma inquietude no aluno, a qual faria dele um sujeito que não somente opina sobre a sua realidade, mas age sobre ela. Ainda segundo (FREIRE, p.2), “[...] não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão [...]”.


Em relação aos temas geradores, eles refletem uma forma de haver dialogicidade entre professor e aluno. O professor deve ser capaz de refletir sobre a realidade do seu aluno, tentando, a partir desse mundo que o educando conhece, estabelecer um vínculo, uma “via de duas mãos”, afinal, “[...] o sujeito da criação não é individual, mas coletivo [...]” (FREIRE), ou seja, quando há essa compreensão o ato de aprender é coletivo. Para isso, é preciso que o professor compreenda que sem humildade não há diálogo “[...] não há, por outro lado, diálogo, se não há humildade. A pronúncia do mundo, com que os homens o recriam permanentemente, não pode ser um ato arrogante [...]” (FREIRE, p. 3).

Portanto, de acordo com Frei Betto, alfabetizar segundo Freire, é muito mais do que ensinar que “Ivo viu a uva”, é sobretudo ter clareza, coerência e a humildade de compreender que o mundo funciona a partir de muitas mãos. Desde aquele que plantou, colheu, transportou, vendeu até as mãos daquele que consumiu ou daquele que lucrou.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Currículo Integrado...

A fragmentação dos processos de produção surgiu a partir de uma filosofia organizativa, aumentando a separação entre trabalho manual e trabalho intelectual. Com isso era possível justificar o barateamento da mão-de-obra dos trabalhadores, bem como desapropriá-los do conhecimento adquirido no decorrer do tempo. Sendo assim, essas medidas desfavoreciam a classe trabalhadora, a qual perdia sua capacidade de decidir, questionar e reivindicar melhores condições de trabalho. Diante disso, a falta de reflexão crítica sobre a realidade não afetou somente a classe trabalhadora, mas se sobrepôs às instituições educacionais, as quais, em outrora, tinham a nobre intenção de preparar cidadãos e cidadãs para compreender, julgar e intervir em sua comunidade. Com isso surgiu uma cultura escolar compartimentada, com conhecimentos desconectados da realidade. Criaram-se “barreiras” entre os diferentes conhecimentos, afinal, é mais difícil compreender a totalidade quando nos são apresentadas, em um primeiro momento, as partes do todo. Esses obstáculos acabaram por interferir não só na compreensão da realidade, mas também no papel da escola como agente transformador. Fazendo uma analogia da escola ao modelo Taylorista e Fordista, as notas eram equivalentes aos salários pagos aos operários e operárias. Ou seja, toda a trajetória escolar e o processo de aprendizagem ficavam em segundo plano. Não tinham a menor importância, visto que o sucesso e a qualificação eram “medidos” a partir das notas alcançadas.
- Este processo de "despersonalização” e de preparação da juventude para assumir as regras do “jogo”, desse modelo fragmentado de sociedade, está defasado se levarmos em conta a complexidade e incerteza, peculiares da sociedade atual. Atualmente, a dinâmica econômica e social foi alterada pelo processo de globalização, o que acabou por modificando drasticamente os processos de produção e comercialização. Diante disso, a única maneira viável de atender as demandas decorrentes dessas mudanças surge através da descentralização. Envolver os trabalhadores na tomada de decisões quanto à produção e fornecer-lhes formação nunca fora tão importante quanto hoje. As mudanças que ocorreram e ocorrem na economia globalizada dependem de respostas rápidas por parte não somente dos meios de produção, mas também por parte do meio educacional. Segundo SANTOMÉ (1998, p. 187), “[...] a utilidade social do currículo está em permitir aos alunos e alunas compreender a sociedade em que vivem, favorecendo, para tal, o desenvolvimento de aptidões, tanto técnicas como sociais, que os ajudem em sua localização na comunidade de forma autônoma, crítica e solidária [...]”. Portanto, surge a necessidade de dar voz a um currículo integrado, que leve em conta a interdisciplinaridade reivindicada anteriormente. Nunca fora tão urgente a aposta em uma educação comprometida com valores de democracia, solidariedade e crítica.
Vivi

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O que considero importante para fundamentar meu planejamento?

1) De que forma vou integrar os conteúdos que serão trabalhados, de forma que minha prática tenha fundamentalmente um caráter transdisciplinar?
2) Como será feita a abordagem inicial, a introdução de determinado assunto na pauta das aulas?
3) Por que e para que determinado assunto é importante no contexto dos meus alunos?
4) De que forma os assuntos serão abordados? Quais atividades seriam interessantes, do ponto de vista do aluno e do professor, para atingir os objetivos da proposta de aula?
5) Qual será a melhor forma de avaliar os resultados das atividades propostas?

Planejamento

* Na época do meu estágio curricular do curso de Magistério, sempre fazia meu planejamento com cuidado, buscando sempre levar atividades interessantes aos alunos. No entanto, confesso que a metodologia do planejamento realmente era algo “engessado”, um tanto automático. Geralmente os objetivos eram encarados como uma mera formalidade, o que a autora explicita muito bem RODRIGUES (2001), “[...] atendiam às regras estabelecidas, ficavam trocando idéias na escolha de verbos mais apropriados para formulação dos objetivos, gerais e específicos [...]”. Não havia uma reflexão no ato de planejar. Um bom planejamento pressupõe uma reflexão inicial, levando em conta o porquê e o para que determinado conteúdo será proposto aos alunos. Além disso, com o passar do tempo, na época em que comecei a trabalhar com alunos do Ensino Médio, o planejamento de minhas aulas sempre eram pensados e, na maioria das vezes, não registrados. De acordo com as palavras da autora, (RODRIGUES, 2001) “[...] muito da elaboração ficava a cargo de puro pensamento hipotético, pois era preciso imaginar tanto as situações como as respostas dos alunos, as condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento de certas atividades, a distribuição de tempo das atividades no semestre [...]”. Contudo, apesar da minha elaboração ficar no pensamento hipotético, muitas vezes não conseguia revisar determinados aspectos, pois os registros detalhados não existiam, apenas era registrado o conteúdo trabalhado. *

O Livro Didático em Comênio

* Considerando aspectos como o contexto ao qual Comênio pertencia, sua obra parece conter pontos relevantes e um tanto atuais, apesar de terem se passado 300 anos. Imagino que o material didático “Orbis Pictus”, por exemplo, era utilizado com o intuito de que o aluno fizesse associações entre imagem e sons. Segundo DOLL (2004), “[...] A aprendizagem deve começar, segundo Comênio, a partir dos sentidos, da percepção, da experiência do aluno, e não a partir de teorias abstratas [...]”. Portanto, o autor levava em conta não somente a experiência do aluno, bem como explorava os sentidos como um diferencial em suas propostas de aprendizagem. Ou seja, é mais fácil ensinar palavras que façam parte do cotidiano do aluno, associando-as a objetos, animais ou fatos que traduzem vivências dos alunos, colocando-o no foco da aprendizagem.

Um dos elementos da pedagogia de Comênio que encontro no meu cotidiano escolar parte do seguinte pressuposto, segundo COMÉNIO (1996), “[...] os professores ensinem menos e os estudantes aprendam mais [...]”. Ou seja, na disciplina de Matemática para alunos do Ensino Médio, sempre parto de elementos concretos associados ao cotidiano dos alunos. Um exemplo disso é a metodologia que utilizo para ensinar geometria espacial. Inicialmente apresento os sólidos geométricos e, em seguida, vamos a campo, tentando identificar – nos corredores da escola – elementos geométricos iguais ou semelhantes àqueles apresentados a eles em um primeiro momento. O próximo passo é identificar semelhanças entre os sólidos, identificando partes que os formam. Por fim, alguns alunos já sabem, antes de eu mencionar, como proceder para deduzir cálculos de área total, areal lateral e volume dos sólidos. Com isso quero dizer que, se soubermos conduzir os alunos na construção da aprendizagem, construindo junto com eles as ferramentas que necessitam, o trabalho do professor é menor e o resultado da aprendizagem é maior, o que vai de encontro com a teoria de Comênios. Levo em conta o realismo do ensino e também aposto no bom relacionamento entre aluno e professor, pois o aluno terá maiores condições de aprender quando houver um clima de respeito e confiança de ambas as partes. *

Viviane Maus

terça-feira, 1 de setembro de 2009


* Nosso ofício carrega uma longa memória...


“Prefiro pensar que o aprendizado vem dos primeiros contatos e vivências dos mestres que por longos anos tivemos, desde o maternal. As lembranças dos mestres que tivemos podem ter sido nosso primeiro aprendizado como professores. Suas imagens nos acompanham como as primeiras aprendizagens. (...) Repetimos traços de nossos mestres que, por sua vez, já repetiam traços de outros mestres. Esta especificidade do processo de nossa socialização profissional nos leva a pensar em algumas marcas que carregamos. São marcas permanentes e novas, ou marcas permanentes que se renovam, que se repetem, se atualizam ou superam”. (Miguel Arroyo, Ofício de Mestre, 2002, p. 124)

a. Imagine que você é a professora da nova escola do menininho. Quais seriam seus desafios frente a essa criança?
Certamente trabalhar com esse aluno seria um desafio, afinal alguns aspectos deveriam ser retomados como: auto-estima, espontaneidade, criatividade e não menos importante, a autonomia. Ao me referir a auto-estima, quero dizer que acreditar em si mesmo é muito importante, pois ninguém se sente desafiado sem se sentir capaz. A criatividade e a espontaneidade andam juntas, pois quando há liberdade de expressão, existe espaço para as ideias.
Segundo ARROYO (2002, p. 124), “[...] as lembranças dos mestres que tivemos podem ter sido nosso primeiro aprendizado como professores. Suas imagens nos acompanham [...]”. De fato suas imagens nos acompanham. Um exemplo disso foi minha primeira professora, de quem tenho péssimas lembranças. Iniciei a 1ª série do Ensino Fundamental em um colégio de freiras, no ano de 1982. Eu tinha 5 anos de idade, era uma criança muito espontânea. Adorava desenhar como o menininho da estória, gostava muito de falar, morria de vontade de aprender a ler. Certo dia, minha professora pediu que eu fosse até o quadro resolver um cálculo e me recusei a ir, não lembro mais o motivo. O fato é que ela foi até minha classe, me arrastou até uma parte da sala e depois me jogou entre as classes, me obrigando a ir até o quadro. Lembro que chorei muito, pois todos os colegas começaram a rir da minha cara. Fui humilhada diante dos colegas. Desde aquele dia, sempre tive medo de perguntar, questionar, já que o medo de ser humilhada vinha a minha mente. Hoje sinto que mudei muito, graças aos outros professores que passaram pela minha vida. No entanto, de vez em quando ainda bate aquela insegurança. Por esse motivo, percebo a importância de uma professora nos primeiros anos de escola de uma criança.


b. Quais atividades você, enquanto professor/a, desenvolve com seus alunos de modo a possibilitar que estes cresçam com autonomia e desenvolvam sua criatividade?
Tive uma turma de 5ª série do Ensino Fundamental, com a qual trabalhei a disciplina de Ciências. No entanto, percebi que em certas propostas de atividades os alunos queriam copiar respostas do livro. Relutei em dizer que eles mesmos tinham condições de elaborar suas respostas a partir das nossas conversas em aula. Sempre pedia que elaborassem respostas com suas palavras, colocando no papel tudo aquilo que haviam entendido sobre o assunto. No início foi muito difícil, pois muitos queriam procurar no livro as respostas para as questões propostas em aula. Estavam acostumados a fazerem cópia.
Em geral, minhas propostas sempre partem de um desafio, ou seja, sempre tento me colocar no lugar do aluno, tentando elaborar algo que seja legal e desafiador ao mesmo tempo. Quando isso acontece, vejo os olhinhos brilharem, além da ansiedade de todos em combinarem o que fazer, a troca de ideias, enfim, me sinto satisfeita quando vejo tudo isso acontecendo, além dos resultados dos trabalhos.


c. Que marcas da sua prática pedagógica você gostaria de deixar nos seus alunos?
Gostaria de deixar em meus alunos a marca da curiosidade, criatividade, autonomia e do gosto pela vida. Tudo isso faz com que possamos exercitar nossa capacidade ilimitada de criar, tentando fazer sempre o melhor, dando tudo de nós. Não importa o quanto ainda não sabemos e se erramos ao longo do caminho, o importante é observar o caminho e todos os passos que foram dados. Embora tenhamos capacidade, também somos falíveis e estamos em constante processo de aprendizagem. É preciso que eu faça meu aluno compreender que precisamos começar a caminhada de forma humilde, com muito respeito a todos, somente assim será possível construir o futuro. *